Bancos Centrais Estão Comprando Ouro em Ritmo Recorde. E Você?

d.molina
Dmitrij
Molina
Bancos Centrais Estão Comprando Ouro em Ritmo Recorde. E Você?

Por décadas, Bancos Centrais têm comprado ouro para diversificar suas reservas e se protegerem contra incertezas econômicas. Diferentemente de moedas nacionais, que podem flutuar em valor e se desvalorizar através de políticas monetárias como oferta de dinheiro aumentada, o ouro é um recurso finito que age como proteção natural contra a inflação.

O ouro também é favorecido por sua estabilidade, pois não traz riscos de crédito ou de contraparte, proporcionando confiança em todos os ambientes econômicos. Sua relação inversa com o dólar americano aumenta seu apelo, já que os preços do ouro normalmente sobem quando o dólar enfraquece, ajudando os Bancos Centrais a proteger suas reservas durante os ciclos de flexibilização da política monetária do Fed. Além disso, o ouro reage como um “porto seguro” quando os riscos geopolíticos se manifestam, reagindo com tendências de alta fortes e sustentadas à medida que os investidores correm para comprá-lo, para se protegerem contra guerras, incertezas políticas, crises financeiras e muitas outras eventualidades desastrosas.

Economias emergentes, como Rússia, China e Índia se tornaram os compradores mais ativos em anos recentes, buscando fortalecer sua estabilidade e independência financeiras em relação aos EUA.

Países com maiores reservas de ouro

Este gráfico destaca os 10 principais países com as maiores reservas de ouro (em toneladas) em maio de 2024, com base em dados do World Gold Council.

Quanto à percentagem de ouro em reservas nacionais gerais, os países com as maiores reservas mostram uma dependência diferente desse ativo defensivo. Com base em estatísticas oficiais do WGC (World Gold Congress), no segundo trimestre de 2024, as reservas de ouro estimadas pelo seu valor de mercado atual ocuparam a fatia dominante em todos os cinco principais países ocidentais. Nos EUA, o ouro assume a liderança com uma fatia de 72,41%, enquanto na China é de apenas 4,91%.

Participação das reservas mundiais de ouro nos ativos oficiais de reserva estrangeira T2 2024

Comprando ouro na primeira metade de 2024

Em 2024, os preços do ouro aumentaram quase 35% até o momento, impulsionados não apenas por medos de uma recessão nos EUA, mas também por forte demanda de consumidores na China e crescente interesse em investimentos seguros em meio a tensões geopolíticas (guerra na Ucrânia, conflito no Oriente Médio, tensões crescentes em Taiwan).

Em meio ao cenário político sombrio, os Bancos Centrais não hesitaram por um mês em sua onda de compras de ouro, continuando a comprar mais metais preciosos mesmo com os preços continuando a aumentar. Isto sugere que, apesar da desaceleração da demanda t/t em 2024, ainda permanece significativamente elevada em termos históricos, continuando a tendência positiva de acumulação por Bancos Centrais.

Demanda trimestral de ouro dos Bancos Centrais

Os principais participantes nas compras de ouro do banco central em 2024

Mercados emergentes desempenharam um papel central em compra de ouro durante a primeira metade de 2024. Os maiores compradores incluem Polônia, Índia e Turquia, com a Polônia e a Índia adicionando 19 toneladas às suas reservas. Isso marca a continuação dos esforços de ambos os países para fortalecer suas reservas de ouro, com a Índia notavelmente adicionando mais ouro no primeiro semestre de 2024 do que em todo o ano de 2023.

  • Banco Nacional da Polônia (NBP) promoveu movimentos significativos ao adicionar 19 toneladas às suas reservas de ouro, marcando sua primeira compra desde o T4 de 2023. As reservas de ouro do país agora são de 377 toneladas, o que representa 13% de suas reservas totais. Esta aquisição se alinha ao plano estratégico de Adam Glapinski de aumentar a parcela de ouro nas reservas totais a 20%, refletindo o compromisso do país com o ouro como ativo de longo prazo.
  • O Banco da Reserva da Índia (RBI) continuou sua febre de aquisição de ouro em 2024, com compras atualizadas somando 37 tonelas no fim do T2, ultrapassando sua compra líquida anual de 2022 e 2023. O governador Shaktikanta Das confirmou em abril que o RBI está aumentando ativamente suas reservas de ouro, que agora são de 841 toneladas, representando 10% de suas reservas totais.
  • Banco Central da Turquia (CBRT) foi outro grande comprador, adicionando 15 toneladas às suas reservas oficiais no T2. Isto trouxe à Turquia compras totais para o ano de 45 toneladas, uma mudanças significativa da venda pesada vista em H1 2023, quando ela se desfez de 102 toneladas para aliviar as pressões internas de mercado. As reservas de ouro oficiais da Turquia agora somam 585 toneladas, o que perfaz 34% de suas reservas totais.

Compradores menores, mais ainda notáveis, do H1 2024 incluem: Uzbequistão, Qatar, Rússia e Iraque.

Previsão para o restante de 2024

O papel do ouro como proteção contra a inflação, riscos monetários e instabilidades financeiras e políticas permanece um motivo de demanda primária para Bancos Centrais. Na Pesquisa de Reservas de Ouro do Banco Central de 2024 do WGC, 81% dos entrevistados indicaram que esperam que as reservas globais de ouro do Banco Central aumentem nos próximos 12 meses.

Além disso, 29% das instituições pesquisadas planejam aumentar suas reservas de ouro.

A pesquisa também revelou fatores-chave dirigindo as decisões de Bancos Centrais de manter o ouro, incluindo seu valor de longo prazo como proteção contra a inflação, seu forte desempenho durante momentos de crise e sua falta de risco de default. Para muitos Bancos Centrais, o ouro é visto não apenas como uma reserva estável de valor, mas também como uma ferramenta essencial para a diversificação de portfólio.

Tudo o que foi dito acima sugere que os Bancos Centrais continuarão sendo compradores líquidos significativos de ouro ao longo do ano. Embora ainda não esteja claro se o total de compras excederá os níveis recordes observados em 2022 e 2023, os fortes fundamentos por trás das compras do Banco Central indicam que o ouro manterá seu lugar como pedra angular das reservas do Banco Central. Em particular, as economias de mercados emergentes provavelmente continuarão impulsionando a demanda, reforçando suas reservas de ouro como uma proteção contra choques externos e garantindo estabilidade financeira de longo prazo.

Concluindo, 2024 consolidou a tendência de aumento das compras de ouro pelos Bancos Centrais, marcando outro marco na evolução do papel do ouro nos sistemas monetários globais. À medida que os preços do ouro quebram repetidamente máximas históricas e a demanda dos Bancos Centrais cresce a cada dia, o valor duradouro do ouro continuará a brilhar.

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